NOTA DE
ESCLARECIMENTO
1. No dia 10 deste mês de junho, o prefeito
de Teresópolis, Jorge Mario Sedlacek, convocou uma coletiva de imprensa
para informar sobre supostas irregularidades na cobrança de internações e
procedimentos realizados no Hospital das Clínicas de Teresópolis
Costantino Ottaviano (HCTCO) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sem apresentar provas, sem mencionar um único nome, mas referindo-se a
"fraudes que podem chegar ou ultrapassar três milhões" de reais, o
prefeito disse ter contratado uma empresa de auditoria que teria detectado
"fortes indícios de fraudes e irregularidades". Sua Excelência, falando em
"possibilidade" de fraudes, não apresentou o relatório dessa auditoria,
nem o nome da empresa contratada para esta produção, o que se deu sem
conhecimento do Conselho Municipal de Saúde e sem a publicidade
constitucionalmente exigida da administração pública no caso.
2. Ao mesmo tempo, foi finalmente entregue
à Presidência do Conselho Municipal de Saúde um documento – cuja
inconsistência não resiste a um exame competente e a uma averiguação na
fonte dos dados – produzido por uma comissão de funcionários da prefeitura
mas sintomaticamente assinado apenas por alguns deles, datado de 29 de
dezembro de 2008, no governo anterior, igualmente referindo supostas
irregularidades, mas também sem apresentar provas nem citar nomes.
3. A população precisa saber que no
Hospital atuam supervisores hospitalares da Secretaria Municipal de Saúde
no controle diário da Unidade, que deveriam apresentar relatórios mensais.
A apresentação das contas e o seu pagamento são feitos com a aprovação e
responsabilidade desta fiscalização e um controle que não é do Hospital.
Não se entende, pois, que venha o Hospital a ser objeto de uma denunciação
caluniosa, se está implicada a responsabilidade civil e criminal do
próprio sistema municipal. Não se entende, também, como se deixaram passar
quase seis meses de governo sem se responder ao pedido reiterado da
Direção do HCTCO, tanto diretamente como no Conselho Municipal de Saúde e
na Comissão de Acompanhamento do Plano Operativo Anual - POA de que se
apresentassem as supostas inconformidades insinuadas em várias ocasiões.
4. Por fim, o prefeito informou que pediu
ao Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) uma auditoria das
contas do HCTCO e da Secretaria Municipal de Saúde nos governos
anteriores.
5. Não sabemos e não julgamos as motivações
políticas do ato do poder público municipal que visa à moralidade dos
governos anteriores. Queremos nos pronunciar totalmente favoráveis à mais
urgente investigação das contas e do funcionamento do Hospital, não apenas
por uma auditoria, mas por uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito com
o acompanhamento do Ministério Público que investigue todo o Sistema
Municipal de Saúde, segundo o princípio da transparência.
6. Tomamos esta posição por não termos
absolutamente nada a temer, antes pelo contrário, só desejarmos que possa
ser comprovada a iniquidade do tratamento que o HCTCO recebeu da
municipalidade com a divulgação irresponsável de um pronunciamento sem
confrontação com os fatos, atingindo a honra e o nome da maior Instituição
de Teresópolis nas áreas da educação e da saúde, e de pessoas que nela
trabalham com dedicação, seriedade e honestidade.
7. Com efeito, sem apresentar provas e
nomes, referindo-se sempre a "indícios" e "possibilidade" de fraudes
apresentados pelo suposto relatório que não deu a conhecer – preparado por
uma auditoria também não identificada –, o prefeito lançou suspeitas sobre
a direção e os corpos clínico e administrativo do HCTCO, que atingem
também a direção do Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) de que
o Hospital é um Órgão Suplementar e até sobre a Fundação Educacional Serra
dos Órgãos (FESO) que é a mantenedora do Centro Universitário e de seu
Hospital de Ensino.
8. Diante dessa lamentável e
incompreensível atitude, motivada por interesses e objetivos ainda não
claramente identificados, numa verdadeira agressão aos direitos que
pessoas e instituições têm a sua honra e a seu nome, a Reitoria do
UNIFESO, certa da correção técnica e ética dos procedimentos do HCTCO, vem
a público:
8.1. repudiar as
insinuações e acusações lançadas pelo Prefeito, pois ainda que estas
fossem verdadeiras, deveriam ser previamente justificadas antes de uma
divulgação;
8.2. solicitar do
poder público municipal, ainda em âmbito administrativo, com base no
princípio constitucional do contraditório, que forneça imediatamente a
documentação em que possa ter se baseado para a prematura divulgação dos
pretensos fatos e das supostas irregularidades;
8.3. apresentar
sua solidariedade à direção, aos médicos, enfermeiros e funcionários
técnico-administrativos do Hospital, atingidos indistintamente por tais
acusações;
8.4. reafirmar seu
compromisso com o atendimento de qualidade à população de Teresópolis,
inclusive na área de atenção básica;
8.5. colocar-se à
disposição da mídia local, regional e nacional para qualquer
esclarecimento, reafirmando não ter nada a esconder e garantindo o acesso
a qualquer documentação que seja requerida;
8.6. solicitar ao
Conselho Municipal de Saúde, como instituição de controle social, a
realização de reunião plenária extraordinária, com pauta única, que
considere todo o acontecimento;
8.7.
comprometer-se em promover debates e discussões públicas e abertas sobre a
situação criada pela difamação promovida pelo pronunciamento oficial do
Prefeito, seja na comunidade universitária e acadêmica, seja na sociedade
local por meio de todas as organizações representadas no Conselho
Deliberativo da FESO e movimentos sociais;
8.8. manifestar o
desejo de que a auditoria do DENASUS seja iniciada e concluída o mais
brevemente possível e que abranja não apenas o HCTCO mas todo o Sistema de
Saúde em Teresópolis que deve ser objeto de uma urgente Comissão
Parlamentar de Inquérito em respeito e atenção aos interesses da
população;
8.9. deixar claro
que ao final desse triste episódio, com a elucidação dos fatos e a
apuração de todas as responsabilidades, devem ser encaminhadas nas esferas
cível e criminal da Justiça as ações cabíveis, sem prejuízo daquelas
promovidas por todos os que, na dedicação à Instituição, tiveram a sua
honra atingida, sofrendo danos morais.
Pelo exposto, reiteramos nosso compromisso
com a população de Teresópolis, que nos tem movido nestes quarenta e três
anos de serviços prestados à sociedade local e regional.
Irineu Dias
da Rosa
Presidente da FESO
Chanceler do UNIFESO |
Luis Eduardo
Possidente Tostes
Diretor Geral da FESO
Reitor do UNIFESO |
|